Huri, uma palavra que aparece habitualmente nas Palavras Cruzadas, significa: virgem do paraíso maometano que, segundo o Alcorão, deve desposar, na vida extraterrena, os muçulmanos fiéis ao culto; mulher de beleza extraordinária (figurado).
(fonte: Dicionário da Língua Portuguesa - Porto Editora)
No dia em que se assinala o 123.º Aniversário de Fernando Pessoa, parece-me apropriado complementar este post com o seguinte poema:
A Nova Huri
Para além do silêncio das estrelas
Onde nem rareado chega o grito
Da nossa dor, nessas paragens belas
Donde (paragens lúcidas e belas)
O Absurdo do Real anda proscrito.
Nesse infinito além do infinito’
Que da medida do real constrói
A alma insensata em sonhos, que destrói
Na própria corrupção a realidade
Do conhecer — nessas paragens
Com figuras de imagens,
Dorme, sorrindo à ilusão da vida
À falsa falsidade do viver
Uma figura estranha e indefinida
Cuja expressão dolorida
Não nos ensina a crer nem a descrer.
Dorme e sobre O seu seio que não bate
Como batem na terra os corações,
Há como que uma vida sem remate
Quer de ilusões quer de desilusões;
Dorme e não sonha porque só na vida
Se sonha; dorme; e suave e indefinida
Vai longe dela a ideia de sentir
E nos lábios subtis erra perdida
Uma sombra de dor e de sorrir.
In Poesia 1902-1917 , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
Fonte: Casa Fernando Pessoa
Fonte: Casa Fernando Pessoa
Nota: Post 700... :-)...
Amplexos e ósculos!...
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